E ai gente tudo bom? Hoje mais um
dia de Quarta com Dr. Ives Gandra no blog JURIDICAR,
que no dirá hoje sua visão sobre o futebol e suas obras faraônicas.
DINHEIRO
PÚBLICO E FUTEBOL
( Folha de São Paulo,
05/julho/2013 )
Em um de seus editoriais de 2010,
a Folha de São Paulo realçou que as entidades organizadoras do Campeonato
Mundial (FIFA e CBF) deveriam utilizar seus próprios recursos para a construção
de
estádios e não dinheiro público. Escreveu
o primeiro dos ignatários, na época, para o Jornal do Brasil artigo intitulado
“Copa do Mundo e Dinheiro Público”, em que se referia ao mencionado editorial,
apoiando o posicionamento da Folha e mostrando que, com as insuficiências do
país na saúde, educação, transportes e em muitos outros setores da Administração
Pública, seria preferível deixar as entidades privadas organizarem as reformas
ou construções de tais palcos esportivos, até porque grande parte deles
destinados a empresas vinculadas para terem espaços “vips”, nos referidos
estádios denominados de padrão FIFA.
Os governos do Estado de São
Paulo e dos Municípios apoiaram a indicação do Estádio do Morumbi, lembrando-se
que o São Paulo Futebol Clube propusera-se a fazer as reformas, à época programadas
em 250 milhões de reais EXCLUSIVAMENTE COM DINHEIRO PRIVADO, tendo obtido as
promessas de parcerias com
importantes empresas nacionais. Por
motivos que não interessam neste curto artigo, alguns deles de conhecimento
público, o Morumbi foi excluído –apesar de colocado em bairro que mostra a
beleza da cidade para os turistas- afim de que se construísse um estádio com
dinheiro público, à época estimado em 490 milhões 420 milhões da Prefeitura e 70 milhões do
Estado). O pior, todavia, é que os grandes beneficiários destas competições,
que são as entidades que as organizam, impuseram a construção de estádios
monumentais, alguns deles contrastando com a pobreza da periferia dos locais
escolhidos.
O primeiro dos autores, no
referido período, ainda antes da exclusão do Morumbi, escreveu:
“Creio que um movimento nacional
deve ser organizado, para que e preserve o dinheiro público destinando-o a
funções relevantes do Estado e que o lazer , representado pelo esporte , seja
financiado pelos que dirigem o futebol mundial e no Brasil.
Que os candidatos à presidência e
os governadores de Estados não cedam à tentação de prometer com o chapéu alheio
(dinheiro do contribuinte) auxílio para entidades que , todos sabemos, nadam em
dinheiro. E que os prefeitos, que têm tão pouco do bolo tributário nacional,
não desperdicem o escasso dinheiro público que possuem , na construção de novos
estádios. Isto é tarefa das duas milionárias organizações do futebol
internacional e brasileiro e não do Poder Público”, e o segundo dos autores,
que este artigo subscreve, demonstrou que todos os argumentos apresentados
para exclusão do Morumbi eram
infundados, pois tinham sido atendidas as exigências fundamentais, embora
ignoradas por aqueles que desejavam uma solução mais onerosa a ser financiada elos
cofres públicos e não pelas instituições privadas.
Quando da exclusão do estádio, o
São Paulo Futebol Clube encerrou uma nota oficial com a seguinte frase:
“A Justiça é filha do Tempo. O
tempo é o Senhor da Razão. O tempo dirá. E nós também”.
A justa revolta do povo com baixa
qualidade da educação e saúde, alta inflação e baixo PIB e desvio de dinheiro
público para obras faraônicas, não para as necessidades reais do povo, apenas
vem a confirmar o que se disse naquela nota. Que esta revolta sirva de
lição para os futuros governos
que devem servir ao povo mais do que os interesses milionários dos donos do
poder no esporte
mundial.
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