Dilma sanciona lei garante
pílula do dia seguinte a vítimas de estupro
Igrejas
cristãs queriam veto total ou parcial ao projeto e suspeitam que lei traz
possível abertura ao aborto, além dos casos que ocorrem atualmente
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Apesar
das críticas de evangélicos e católicos, a presidente Dilma Rousseff (PT)
sancionou ontem, sem vetos, a lei que estabelece garantias à mulher vítima de
violência sexual, incluindo a oferta da pílula de emergência e de informação
sobre os direitos ao aborto em caso de gravidez. A informação foi confirmada
pelos ministros da Saúde, Alexandre Padilha; das Mulheres, Eleonora Menicucci;
e da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
A
presidente enviará hoje projeto de lei cujo objetivo é uniformizar as redações
de instruções do Ministério da Saúde e do Código Penal. A sanção também será
publicada no Diário Oficial da União (DOM), em Brasília.
Segundo
foi aprovado pelo Congresso Nacional, a legislação estabelece garantias para
que a mulher seja prontamente atendida na rede pública de saúde nos casos de
violência sexual. Determina, por exemplo, a oferta da pílula de emergência
(chamada no texto de ”profilaxia da gravidez”) à vítima e de informações sobre
os direitos previstos nesses casos, uma referência à necessidade de informar à
mulher o direito ao aborto legal em caso de gravidez decorrente do estupro.
Esses
pontos foram objeto de muitas críticas dos evangélicos e dos católicos, que
suspeitam na lei uma possibilidade de abertura ao aborto, para além dos casos
que ocorrem atualmente. Os grupos rejeitam, por exemplo, a utilização do termo
“profilaxia da gravidez”, argumentando que a gestação não é uma doença que deva
ser evitada.
No
entanto, esses mesmos pontos da lei já constam de norma técnica do Ministério
da Saúde, atualizada em 2012, e de protocolos dos hospitais que atendem às
mulheres vítimas de violência sexual.
Igrejas
queriam veto
O Palácio
do Planalto recebeu em semanas recentes representantes de igrejas Católica
Romana e evangélicas, que pediram veto integral ou parcial ao projeto.
A área
técnica do governo defendeu a sanção integral da lei, apesar de estar
insatisfeita com alguns trechos. Isso porque entende como importante o reforço,
na legislação, de práticas já adotadas que têm impacto na redução do número de
mortes maternas (por aborto clandestino) e do aborto legal em si (nos casos em
que a mulher está sem acesso à pílula de emergência e engravida após a
violência).
A lei
também prevê tratamento psicológico ao cidadão dos dois sexos e de qualquer
idade, além de terapia por qualquer lesão física e medidas e indicações de
profilaxia de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como hepatites virais e
aids.
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